BTG Pactual recomenda “controle de danos” para WEG e Embraer diante de tarifas dos EUA

Com a iminência de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, BTG vê necessidade de reestratégia imediata para proteger margens e competitividade de duas gigantes da indústria nacional.

O alerta do BTG

Diante da falta de avanços nas negociações comerciais entre Brasil e Estados Unidos, o banco BTG Pactual emitiu um relatório recomendando que empresas como WEG (WEGE3) e Embraer (EMBR3) adotem medidas imediatas de “contenção de danos”.

As tarifas, com vigência prevista para 1º de agosto, podem impactar significativamente a estrutura de custos dessas companhias, afetando diretamente as exportações — especialmente no setor industrial e de aviação.

Embraer pode perder R$ 2 bilhões ao ano

A Embraer é uma das empresas mais expostas aos efeitos do tarifário americano. Estimativas do BTG apontam que as novas tarifas podem adicionar mais de US$ 400 milhões por ano (cerca de R$ 2,2 bilhões) em custos à fabricante brasileira.

O maior impacto será sentido no segmento de aviação executiva, já que cerca de 60% da receita da Embraer vem dos EUA. O banco ressalta que a companhia deverá revisar seus guias financeiros (guidance) e acelerar planos de mitigação de riscos, como produção local ou parcerias regionais.

WEG avalia realocação para evitar aumento bilionário de custo

A WEG, uma das maiores fabricantes de motores elétricos do mundo, também está na linha de frente dos impactos tarifários. A empresa exporta anualmente cerca de R$ 2 bilhões em produtos para os EUA, e pode ter um aumento de R$ 809 milhões por ano nos custos com as novas tarifas.

Para mitigar o impacto, a companhia já estuda realocar parte da produção para o México ou para fábricas nos Estados Unidos, inclusive utilizando a estrutura da recém-adquirida Marathon. Segundo o BTG, essa estratégia pode preservar a competitividade da companhia frente aos concorrentes globais.

“É hora de pensar em contenção de danos”

O tom do relatório do BTG é claro: “É hora de pensar em contenção de danos”. A orientação sugere que as companhias afetadas não devem esperar um desfecho positivo nas negociações diplomáticas e já comecem a executar planos de resposta operacional.

Apesar do cenário adverso, o banco mantém recomendação de compra para as ações da Embraer e da WEG, destacando que o impacto de curto prazo já está parcialmente precificado e que ambas têm capacidade de adaptação superior à média do setor.

Impacto nas ações é limitado — por enquanto

Mesmo com a gravidade do tema, o BTG e outros analistas de mercado avaliam que o impacto das tarifas no valor de mercado das empresas ainda é limitado — em geral, inferior a 1%. No entanto, alertam para o risco de revisões negativas nos lucros futuros, o que pode afetar as ações nos próximos trimestres.

A recomendação para investidores é de monitoramento próximo das movimentações diplomáticas e dos anúncios estratégicos por parte das empresas, sobretudo no que diz respeito à produção, custo e alocação de capital.

Contexto macro brasileiro agrava incerteza

Além das tarifas externas, o cenário macroeconômico doméstico coloca mais pressão sobre as empresas. A Selic segue elevada, a inflação mostra resistência e a incerteza fiscal continua pesando sobre o mercado.

Com isso, companhias industriais com alta exposição internacional passam a ser observadas com cautela pelos investidores, que buscam portfólios mais defensivos ou com menor volatilidade operacional.

Destaques rápidos:

  • Tarifas americanas devem entrar em vigor em 1º de agosto.
  • Embraer pode perder mais de R$ 2 bilhões por ano.
  • WEG terá impacto potencial de R$ 809 milhões ao ano.
  • Estratégias incluem produção no México/EUA e uso de fábricas adquiridas.
  • BTG mantém recomendação de compra, mas recomenda cautela no curto prazo.